Por meio de um conteúdo que mistura ensaios históricos, ficção, relatos de processos criativos, fotografias e ilustrações, somos apresentados a narrativas inspiradas pelo disco de Ian Curtis & Cia. As emoções íntimas que afloram da audição de cada faixa de Closer invocam o drama de um jovem que sofre pelo desemprego crônico, pela falta de perspectivas, pelo isolamento e pela perda de sentido de sua existência. Essa história real inspira a construção de personagens como dona Joana, uma velha alcoólatra, verdadeira rocha que chora a ausência de um filho executado numa chacina e o casal de artistas fracassados, Tânia e Marcos.
Os textos, organizados e expostos por Arlindo, e conectados ao retrospecto biográfico do Joy Division, servem como um exercício estético de ovacionar Closer em seus 40 anos. Com drama e tom pesado, e também com humor decadente e autodepreciativo – marcas de estilo do autor –, o disco é celebrado – não como uma peça mórbida, simples culto ao suicídio de Ian Curtis a inspirar outros a fazerem o mesmo –, mas como uma obra-prima que valoriza o aprendizado pela compreensão dos grandes dramas individuais e coletivos; um triunfo da vontade inspirada pela arte para superar as perdas e o sofrimento humano. Ian Curtis previu que o disco seria um fracasso. Felizmente, ele estava errado.
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