César cometeu alguns dos maiores massacres de que a história tem notícia. Tinha um desprezo total pela vida humana ou considerava que aquele era o tributo a pagar por um objetivo ao qual tudo deveria subordinar-se? Mas qual objetivo? Desembarcou na Britânia atraído por fabulosos tesouros que atiçavam sua cobiça ou para executar um já vasto e estruturado projeto de romantização do Ocidente? Impôr-se a conquista da Gália ou pretendia na verdade reunir exércitos em vista de um esperado acerto de contas com seus rivais em Roma? Foi um hábil e afortunado caudilho ou um ´fator histórico´? Ou seriam as duas coisas indissociáveis?
Narrar a vida de César significa navegar em meio a estes conflitos. Narrar esta vida única e inimitável, que termina com o mais famosos assassinato da história, significa também portanto escolher: escolher a cada passo entre as vozes amarguradas e discordantes de uma tradição vasta de um homem se tornam metáfora da escrita e história dos riscos que tomou.