Se "clássico da contracultura" não fosse uma contradição em termos, seria o epíteto o ideal para definir Junky. Publicado originalmente em 1953, após um demorado e agressivo processo de edição - que excluiu trechos e acrescentou ressalvas do editor a boa parte do texto original -, o romance nasceu da experiência de William S. Burroughs, escritor beat de primeira hora, com drogas pesadas. Sexo casual, violência e aliciamento também estão presentes na narrativa dos anos em que o autor passou de usuário esporádico a dependente e traficante bissexto de morfina. Aqui estão narradas de maneira clara e direta as artimanhas dos junkies para conseguir uma receita controlada, a fragilidade de seu código de conduta quando os estoques da droga chegam ao fim, as viagens em busca de ambientes mais propícios ao vício, como o México, onde o preço do grama era menor. Tudo em Junky gira em torno de mostrar por que a "droga pesada não é um meio de aumentar o prazer de viver, [...] não é um barato. É um meio de vida". Está edição definitiva traz a versão original do texto, sem as interferências que por décadas nublaram o vigor deste pequeno clássico do nosso tempo.
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