Justiça de Quem? Qual Racionalidade?

Justiça de Quem? Qual Racionalidade? Alasdair MacIntyre


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Justiça de Quem? Qual Racionalidade?





A questão fundamental para MacIntyre é a percepção de que o Iluminismo fracassou em dar uma resposta coerente acerca dos conceitos e dilemas morais de uma maneira geral. Falhou, pois, aquilo que ele prometeu não desempenhou. Ao contrário o que é visto é uma interminabilidade dos debates, das controvérsias, das alocuções, exatamente porque as diferentes concepções de justiça estão constituídas na verdade em diversos critérios de racionalidade.

MacIntyre tenta retraçar a razão disto, ele faz uma espécie de leitura segundo a qual devemos levar em conta dois elementos dessa história subseqüente do Iluminismo, um dos lados é aquilo que ele tentou dar, o outro lado àquilo que ele nos privou. Onde o que o Iluminismo tentou nos oferecer foi à idéia de que a tradição poderia ser substituída pela razão como fundamento da ética e da política.

Sendo assim, MacIntyre apresenta uma resposta alternativa àquilo que o Iluminismo nos desapossou, que é uma concepção da pesquisa racional incorporada numa tradição, onde a racionalidade para ele não é algo desvinculado daquilo que o iluminismo pretendeu superar que é a tradição. MacIntyre Recupera o conceito de racionalidade das tradições, utilizado o termo pesquisa racional constituída pela e na tradição formando um vínculo entre esse dois elementos, e por se tratar de uma pesquisa racional, MacIntyre não se filia às formas irracionalista do pós-iluminismo, porém por se funda na tradição coloca-se na posição contra esse anti-iluminismo.

Deste modo MacIntyre fornece uma resposta àquilo que o Iluminismo nos privou de; ?uma concepção de acordo com a qual os próprios padrões de justificação racional avultem e façam parte de uma história na qual eles sejam exigidos pelo modo como transcendem as limitações e fornecem soluções para as insuficiências de seus predecessores, dentro da história dessa mesma tradição?. Ele Defende a idéia de uma pesquisa racional incorporada em uma tradição, mas ao mesmo tempo afirma que nem toda tradição forja uma história de pesquisa racional. E os pensadores do Iluminismo associaram tradição com antítese de pesquisa racional.

Toda tradição é irracional na sua estrutura, toda tradição e algo que se passa de geração para geração na base de histórias, lendas, contos que não estão sujeitos ao debates, às discussões, a uma pesquisa. MacIntyre diz que os pensadores Iluministas estavam certos em alguns casos, porém defende a idéia que estavam errados em entender tradição como algo que se opunha a racionalidade, obscurecendo para si mesmos e para outros a natureza de pelo menos alguns dos sistemas de pensamento que tão veementemente rejeitaram.

Destarte uma tradição para MacIntyre é ?uma argumentação, desenvolvida ao longo do tempo, na qual certos acordos fundamentais são definidos e redefinidos em termos de dois tipos de conflito: os conflitos com críticos e inimigos externos à tradição (...) e os debates internos, interpretativos? e, além disso, ?uma tradição é mais do que um movimento coerente de pensamento, ela é um movimento, ao longo do qual, seus adeptos tornam-se conscientes dele e de sua direção e, de modo autoconsciente, tentam participar de seus debates e dar prosseguimento às suas pesquisas.?

Conclui-se que uma tradição é sempre parcialmente constituída por um argumento sobre os bens cuja busca dota essa tradição com o seu objetivo particular. Onde dentro de uma tradição a busca dos bens estende-se para além de uma gênese. Sendo o que sustêm uma tradição é o exercício das virtudes relevantes da ordem moral e intelectual. As virtudes encontram o seu objetivo não apenas amparando as relações sociais necessárias a alcançar os bens internos a uma prática, e não apenas sustendo uma forma de vida individual na qual o indivíduo busca o seu próprio bem, mas também sustendo as tradições que equiparam às práticas e à vida individual o seu conjunto.

Direito / Filosofia

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