Já em seu preâmbulo, no qual se apresentam os significados para os termos “novo” ou “boçal”, “ladino” e “crioulo”, esta reunião de textos de Edison Carneiro afirma a vantagem da pluralidade. Em vez de falar do negro como se este pudesse ser unificado pela cor, marca física e social, o autor baiano amplifica o tema central de sua obra, liberando sua riqueza.
Assim como as origens africanas dos negros brasileiros não foram uma só, as formas da escravidão e das violências contra eles variaram, seus modos de resistência e de constituição de modelos sociais se multiplicaram e, não menos importante, os temperos culturais, gastronômicos e espirituais introduzidos por esses povos não cabem no singular.
A exploração econômica dessa gigantesca parcela da população, primeiro como mão-de-obra escrava e, no pós-abolição, como massa proletária é que mantém seus traços culturais apartados do Brasil oficial. Cada texto de “Ladinos e crioulos” (1964) revela que não adianta demarcar esta matriz, preservar sua identidade como algo separado, pois, se não fosse ela, nem haveria isso que chamamos de Brasil.
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