Domenico Losurdo (1941-2018), foi um dos mais notáveis pensadores marxistas do nosso tempo. Ele dedicou-se à análise crítica dos ideólogos do liberalismo. Ninguém melhor do que Losurdo pôs em evidência os aspectos perversos do liberalismo: sua íntima conexão com o imperialismo, sua longa cumplicidade com o tráfico de africanos e com a escravidão, bem como as discriminações de renda, condição social, raça, etnia em que baseou suas instituições políticas. Os valores universalistas que seus ideólogos preconizaram foram sempre relativizados para justificar as agressões aos povos da periferia oprimida e as mais diversas modalidades de segregação e exploração das massas proletárias coloniais e metropolitanas.
Na crítica das ideias dominantes, é especial a importância de Liberalismo: entre civilização e barbárie, lançado em 2006 pela Editora Anita Garibaldi, e que agora reeditamos, e de O pecado original do século XX, lançado em 2013 pela mesma editora. Nos dois livros encontramos registradas algumas das mais cruas expressões do cinismo imperialista.
Entre as múltiplas contribuições que Losurdo nos legou para a reativação do combate anti-imperialista, uma das mais importantes foi ter posto em evidência, na crítica do que chama o “marxismo ocidental”, que na base do ocultamento da questão colonial está a supressão da questão nacional.
“Neste livro de Domenico Losurdo, tive a oportunidade de, pela primeira vez, ver um autor tratar de maneira sistemática uma crítica ao liberalismo que não falava dos limites de uma “igualdade formal”, mas mostrava justamente que o liberalismo não garante a igualdade formal. Aliás, até a ideia de “Homem”, como representação do gênero humano, não era e não é universalista para o liberalismo – sempre existiram as cláusulas de exclusão para negros e povos colonizados, mulheres e trabalhadores/as.” JONES MANOEL
História