A publicação de "Lições de Abismo", em 1950, foi um acontecimento singular na literatura brasileira - a consagração fulminante de um ficcionista que estreava aos 54 anos. Denso e profundo, o livro é o diário final de um homem que se descobre com leucemia. O médico lhe diz que terá três ou quatro meses de vida (a primeira anotação é de 11 de novembro; a última, de 23 de fevereiro). Logo ele constata que a morte, como o amor, não precisa de muito espaço. Mergulhado na memória, avalia o sentido da vida. Os escritos, de lucidez crescente, são reflexões sobre a alma, a verdade, o absoluto, o amor, a frivolidade, o ciúme. Documentam uma volta à fé, o reencontro com a graça. Premiado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 1954, tem traduções em inglês, italiano, holandês, polonês, alemão e francês. O texto desta edição é aquele que o autor considerou definitivo, após revê-lo em abril de 1962.