"O que temos aqui não é um livro mas a sua subversão e negação", escreve o pesquisador Richard Zenith no estudo que introduz o Livro do Desassossego; este é "o livro em potência, o livro em plena ruína, o livro-sonho, o livro-desespero, o antilivro, além de qualquer literatura. O que temos nestas páginas é o gênio de Pessoa no seu auge".
Deste conjunto de centenas de fragmentos, Fernando Pessoa publicou apenas doze. Neles o semi-heterônimo Bernardo Soares, empregado de escritório tal como Pessoa, atua como narrador principal, mas não exclusivo. Os temas não deixam de ser adequados a um diário íntimo: a elucidação de estados psíquicos, a descrição das coisas através dos efeitos que elas exercem na mente, reflexões e devaneios sobre a paixão, a moral, o conhecimento. Com estes fragmentos, Fernando Pessoa cria o mundo e o obriga a refletir-se nas palavras. Seu tom é sempre o de uma intimidade que nunca encontrará o ponto de repouso.
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