De dois livros do ficcionista sergipano Antonio Carlos Viana (1944-2016), O meio do mundo e outros contos (1999) e Aberto está o inferno (2004), Paulo André Correia extrai o tema instigante de seu estudo, que desenvolve com argúcia e fina sensibilidade lírica: “o rito de passagem de um menino-narrador, instaurado pela experiência erótica”. Primeiro, o autor focaliza os dados biográficos de Viana e situa a dimensão regional de sua obra no contexto da literatura brasileira contemporânea. Depois, examina o conceito de rito de passagem como situação-limite e aprofunda a análise da experiência sexual do menino-narrador, em que é crucial a presença de elementos ambíguos, como a longa viagem até um estranho lugar onde testemunha a lubricidade de um bode, o espanto diante de um hermafrodita e do misto de atração e repulsa que sente pelo corpo de uma prima.
Ensaios / Literatura Brasileira