A Mágoa de Odin

A Mágoa de Odin Poul Anderson


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A Mágoa de Odin


Patrulheiro do Tempo — FC de Bolso Europa-América 156




A MÁGOA DE ODIN, «O GODO» Ficção científica e Historia alternativa de Poul Anderson, inspirada na mitologia nórdica (a Saga dos Volsungos) e no ciclo do Anel de Richard Wagner. (The second book in the "Time Patrol Series: Time Patrolman (1983) — The Sorrow of Odin, the Goth". A segunda noveleta do livro "O Patrulheiro do Tempo" (FC de Bolso Europa-América nº 156). Pertence à série d'Os Guardiães do Tempo" da Editora Francisco Alves.
=== «Excerto» "(...) Everard mal se mexeu. Preguiçosamente, como um leão, arrastou as palavras:
— E mantém que isso não faz qualquer diferença histórica?
— Mantenho. Por favor, ouça-me. Nunca declarei ser um deus, nem exigi prerrogativas divinas, nem nada no género. Nem tenciono fazê- lo. Aconteceu simplesmente. O facto é que apareci sozinho, vestido como um viajante, mas não como um vadio. Levava uma lança porque é essa a arma que um homem a pé deve ter. Sendo do século XX, sou mais alto que a média dos homens do século IV, mesmo entre os tipos nórdicos. Os meus cabelos e barba são grisalhos. Contei histórias, falei de terras distantes, e, sim, voei no céu e espalhei o pânico entre os inimigos. Não o pude evitar. Mas não criei, repito, não criei nenhum deus novo. Correspondia simplesmente a uma imagem que eles já veneravam há muito tempo e, com o correr do tempo, uma ou duas gerações mais tarde, partiram do princípio que eu devia ser ele.
— Qual é o nome dele?
— Wodan, entre os Godos. Relacionado com o Wotan germânico ocidental, o Woden inglês, o Wons frísio, et cetera. A versão escandinava mais recente é a mais conhecida: Odin. Fiquei surpreendido por verificar que Everard ficara admirado. É claro que os relatórios que eu enviava ao ramo guardião da Patrulha [do Tempo] eram muito menos pormenorizados que as notas que estava a compilar para [o Prof.] Ganz.
— Hum? Odin? Mas ele só tinha um olho e era o patrão dos deuses, o que, segundo eu depreendo, você não era... ou era?
— Não. -- quão agradável era voltar ao ritmo acadêmico.
— Está a pensar no Eddic, no Odin dos Vikingues. Mas esse pertence a uma era diferente, séculos mais tarde e umas centenas de quilômetros mais a noroeste. »Para os meus Godos, o patrão dos deuses, como você lhe chama, é Tiwaz. Provém directamente do panteão indo-europeu, juntamente com os outros Anses, opondo-se às divindades nativas ctonianas como os Wanes. Os Romanos identificavam Tiwaz com Marte, porque ele era o deus da guerra, mas era muito mais que isso. »Os Romanos pensavam que Donar, a quem os Escandinavos chamavam Thor, devia ser o mesmo que Júpiter, porque controlava o tempo; mas para os Godos, ele era um filho de Tiwaz. O mesmo acontecia com Wodan, que os Romanos identificavam com Mercúrio.
— Então a mitologia evoluiu com o passar dos tempos, não é? — sugeriu Everard.
— Isso mesmo -- disse eu. — Tiwaz diluiu-se para Tyr de Asgard. Poucas recordações sobreviveram dele, excepto o facto de ter sido ele quem perdeu uma mão ao prender o Lobo que destruirá o mundo. No entanto,«tyr» como substantivo comum é um sinônimo de «deus» em escandinavo antigo. Entretanto, Wodan, ou Odin, ganhou importância, até se transformar no pai dos outros. Eu penso, embora seja algo que ainda teremos de investigar um dia, eu penso que foi porque os Escandinavos se tornaram num povo extremamente aguerrido. Um psicopompo, que adquirira ainda traços xamanísticos através da influência finlandesa, era adequado a um culto limitado a guerreiros aristocratas; ele os trouxe para o Valhalla. Para dizer a verdade, Odin era bastante popular na Dinamarca e talvez até mesmo na Suécia. Na Noruega, e na sua colónia islandesa, Thor impunha-se aos restantes.
— Fascinante -- Everard suspirou.
— Uma vastidão tão grande de conhecimentos que nenhum de nós viverá o suficiente para apreender na sua totalidade... Bem, mas fale-me da sua figura de Wodan, no século IV, na Europa do Leste.
— Ele ainda tem dois olhos -- expliquei --, mas já tem o chapéu, o manto e a lança, que é na realidade um bordão. Veja bem, ele é o Viandante. Foi por isso que os Romanos pensaram que ele devia ser Mercúrio, sob um nome diferente, tal como pensaram que fosse o deus grego Hermes. Têm tudo, as suas raízes, nas remotas tradições indo-européias. Encontramos indícios destas nos mitos indianos, persas, celtas e eslávicos, mas estes últimos ainda mais deficientemente registrados. Eventualmente, o meu trabalho fará... »De qualquer forma, Wodan-Mercúrio-Hermes é o Viandante, porque é o deus do vento. O que resulta no facto de ele se tornar o patrono dos viajantes e mercadores. Devido às suas longas viagens, deve ter aprendido muito, por isso, e da mesma maneira, é associado à sabedoria, poesia... e magia. Esses atributos juntam-se à ideia da cavalgada da morte no vento da noite; juntam-se para o transformar na Psicopompa, o condutor dos mortos para o mundo do Além.
Everard expirou um anel de fumo. O seu olhar seguiu-o, como se vislumbrasse um símbolo nas suas espirais.
— Associou-se a uma figura bastante poderosa, segundo me parece -- disse ele em voz baixa.
— Sim -- concordei. — Repito que não era essa a minha intenção. Por acaso até traz infinitas complicações para a minha missão. E é claro que serei extremamente cuidadoso. Mas... é um mito que já existia. Há inumeráveis histórias sobre as visitas de Wodan entre os mortais. A maioria sáo fábulas, ao passo que algumas outras reflectem acontecimentos que realmente se deram... — Mesmo assim, qual é a diferença?
Everard puxou umas fumaças do cachimbo.
— Não sei. Apesar do estudo que fiz sobre este episódio até o momento, não sei. Talvez nenhuma, nada... E, no entanto, já aprendi a desconfiar dos arquétipos. Têm mais poder que qualquer ciência na História conseguiu até agora medir. É por isso que o tenho chateado com isto, sobre assuntos que deveriam ser óbvios para mim"."

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