Esta vida ou outra invenção

Há muita poesia sem alma, na linguagem e na temática, ainda sendo produzida hoje no Brasil. Há muitos nomes e muitos projetos, mas há pouca singularidade, pouco risco e pouco enxergar o que mais ninguém enxerga. Reynaldo Bessa, cuja obra sempre acompanhei de perto, sobretudo para aprender suas sensorialidades e ritmos, é uma das presenças que mais admiro na poesia brasileira contemporânea. Os temperamentos que desencadeia são do tipo que alimentam a alma — quem gosta realmente de poesia escrita em brasileiro sabe do que estou falando. É a tal consistência que os incautos atravessam sem nem ao menos perceber. Neste Brasil que adoeceu e parece estar orgulhoso de permanecer adoecido, um olhar como o deste poeta é antídoto até mesmo para o desencanto. Feliz demais com essa coleção “Esta vida ou outra invenção”. Aqui, leitoras e leitores, a arte em sua essência mais fundamental. [Paulo Scott]

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