Eu me vingo escrevendo

Eu me vingo escrevendo Alê Magalhães


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Eu me vingo escrevendo





A vingança não se serve no prato, não se serve na bandeja, não se serve a ninguém, na verdade. A revanche, a ideia de recobrar o brio afetado, não deve mover os atos, não deve ser propósito de vida. O ideal é evitar guerras, evitar estabelecer a desforra como desejo de uma nação, não tomar posse do que existe para ser de todos. A menos que você seja uma mulher que se reconstruiu e agora está pronta para o revide. A poesia é pacífica, mas pode ser instrumento de vingança. Lançam-se palavras que apontam sem hesitar a falha moral da sociedade, acostumada a nos assediar em todos os espectros, em muitas dimensões, até nos deixar destruídas – e prontas para desejar dar o troco. Alê Magalhães chega ao Auroras preparada para devolver ao mundo os anos de restrições. Ela faz isso com esta publicação que replica as vozes que hoje já não sussurram, não são secretas. "eu me vingo escrevendo" é sangue escorrendo na faca. É a metáfora com poder de fogo. O verso apreendido como espólio. A batalha etérea de escrever e publicar não almeja, de fato, um lado vencedor. Contudo, coloca a mulher que escreve como favorita à grande torcida. A vingança de Alê não agride, não mata, não consome a energia alheia. Mas denuncia o mundo que não nos acolhe e resgata a vitalidade das que buscam uma linguagem de redenção. "eu me vingo escrevendo" soou para mim como uma marcha de milhares e milhares tomando ruas, fincando bandeiras, berrando a sede feminina por reparações. Não queremos sobreviver, é pouco. E no contexto da pandemia do coronavírus que nos comove, nos idos de 2021, diante da violência crescente contra a nossa existência, a vingança é, sobretudo, viver. Vingue-se lendo! [Dani Costa Russo]

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