Nossas almas murmuram na sombra

Nossas almas murmuram na sombra Luciana Nabuco


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Nossas almas murmuram na sombra





Lima Barreto escreveu certa vez que os subúrbios “guardam destroços como recordações”. Morador de Todos os Santos, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, o escritor se valia da referência física para falar de algo além: um olhar afetuoso diante do que em geral é considerado inestético, prosaico, desprovido de glamour. Essa mesma perspectiva move as 12 histórias que se seguem. Em seus textos, Luciana Nabuco nos conta sobre brigas de escola, peladas no asfalto, roubo de mangas, noites de gafieira, carnavais daqueles que ficam para a vida toda. São ritos de passagem a demarcar caminhos, com alegria ou dor. A literatura, então, surge como o “refúgio de um tempo que passa voando sem sentir”. Denilson espera perder a virgindade. Arlete quer desfilar no Império Serrano. Aneci sonha em um dia “desembrulhar qualquer coisa de novo”. Suas almas “murmuram na sombra”, como sugere o belo título do livro. E nós, leitores, podemos ouvi-las. Artista visual já consolidada, Luciana traz para a prosa de ficção a delicadeza de suas pinturas. Vê imensidão nas miudezas, transcendência no trivial. Somos feitos também de destroços, parece nos sussurrar a autora, ecoando Lima mais uma vez. Mas se o escombro nos constitui, aquilo que é lembrado não morre. Ainda que acolhido nas mãos do faz-de-conta. Sem rodeios, o narrador de “Festa de menino” dá a letra: “Ser criança é não acabar”. [Marcelo Moutinho]

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