George Orwell é um fenômeno. Juntas, as suas principais obras, A Revolução dos Bichos e 1984, venderam mais cópias do que os dois livros mais vendidos de qualquer outro escritor do século XX. Uma grande parte da fama de tais livros se deve a maneira como o escritor britânico soube mesclar a literatura com a crítica política. Lançadas nos últimos anos de sua vida, tais obras se destacaram pela coragem com que Orwell atacou o totalitarismo, particularmente o stalinismo e o fascismo, em uma época onde boa parte dos regimes criticados ainda estava em plena operação. Apesar de ter atacado o comunismo russo (ou o que ele se transformou), Orwell também nutria clara simpatia pelo socialismo. Isso, por si só, explica como até os dias de hoje qualquer menção a sua obra suscita as mais acaloradas discussões nas redes sociais: afinal, que tipo de socialismo Orwell defendia?
A melhor resposta a esta pergunta se encontra em um ensaio relativamente desconhecido. Foi em O Leão e o Unicórnio: O Socialismo e o Gênio Inglês, publicado em 1941, em plena Segunda Guerra, que Orwell parece ter deixado mais clara a sua real posição política. No ensaio vemos claramente que, a despeito de já ser um crítico ferrenho do comunismo nos moldes stalinistas, Orwell continuava acreditando que uma revolução socialista seria o caminho mais eficaz para garantir que a pessoa comum inglesa, a única entidade que contava com sua genuína adoração, pudesse ter uma vida melhor.
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