Retrato em giz

Retrato em giz Maria de Fátima de Barros Neves


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Retrato em giz





Caro leitor, talvez tua primeira dúvida ao folhear este livro seja o título. Por que retrato em giz e não, retrato de giz? Tiremos tua dúvida: retrato de giz é um retrato esculpido com o calcário reduzido a pó e moldado em forma de bastonete a que chamamos de giz. Já retrato em giz (que agora espero tenhas em tuas mãos) é retrato-poema, escrito em giz no quadro da vida que o tempo não conseguiu apagar; ou que teve uma existência breve; ou que não foi sequer percebido; ou que permaneceu no silêncio; ou que precisou ser lembrado por não conseguir ser esquecido. Retrato em giz ficou lá esperando que a mão de um poeta o libertasse, espanasse a poeira do tempo; e o desenhasse em palavras; e o atualizasse. E assim fez Fátima, começando com Labuta, retrato-poema que abre o livro: “há dias, /as palavras/aninham poeira /nos cômodos /da casa”. [...] / uma frase se adia, /a sentença/ se agrava. Nas páginas deste livro, conhecerás a luta de Fátima com as palavras para escrever cada Retrato em giz. Retratos esses com as mais diversas feições: os que surgem tímidos, melancólicos, solitários e ganham força na natureza, no ar, na água, no Marear “sentenças ilhadas/ em alto-mar”; outros são capturados no cotidiano poético de pessoas amadas como A doutoranda “são letras e livros/na mesa da sala/ o silêncio forra/ o piso da casa”; ou aqueles que surgem de paisagens e de lugares inspiradores, porque nesse Percurso “o amor segue seu curso/entre silêncio e linguagem”; os que são retratados na concretude, na solidez e na ¬ finitude da vida de O proprietário “as roupas engomadas/no armário do quarto,/e uma bengala à espera/ cochilam por ¬ m.”; ou o retrato-imagem que contrasta com a força de luta de um povo em Tocaia “corpo numa emboscada/em sedução/tomba mais um cacique /sol a pino”; ou retratos que ficaram guardados nas lembranças e revivem no Casal da serra “um longo inventário/de silêncios e vestígios”; ou aquele que retrata a exata programação de A máquina de pão produzindo diversos tipos de pães onde “um só ingrediente lhes falta:/o afago hábil das mãos”. E há, também, aqueles que tiveram uma existência breve, Por um triz, pois “tudo é breve/ e falaz/ qual peixe, pescador/ tal um retrato em giz”. “E são tantos retratos em giz que convido o leitor a continuar a descobri-los no percurso desta leitura poética”.
Kátia Maria Barreto da Silva Leite

Poemas, poesias

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