Quintal de terra vermelha

Ler Quintal de Terra Vermelha de Lidiane Santana é como passear por quintais, ruas de infância, calçadas com árvores de frutas, que nos deixam o gosto de comê-las direto no pé. Mas que o leitor não pense que seja apenas algo idílico, há reflexões e sentimentos expressos que nos mostram críticas ferinas do eu-lírico a determinadas situações, sem, no entanto, distanciar-se do poético. Tanto os poemas como os hai-kais são como instantâneos do cotidiano e das interações de quem não se distancia dos quintais, mas vive em uma grande metrópole. Essa dicotomia entre os quintais, que nos remetem ao meio rural e à Avenida Paulista, ícone do meio urbano, presente em seus poemas, desperta contrapontos que em nenhum momento se contradizem ou são antagônicos, mas que se complementam e dialogam com a contemporaneidade, que tem diminuído distâncias e aumentado diferenças. Lidiane é uma mulher determinada e sabe exatamente o que quer e o que não quer para si mesma e para os outros. Deixa sempre suas posições muito evidentes, sem receio de críticas. Sabe de onde veio e para onde quer ir. Enfrenta o mundo sempre de cabeça erguida e isso também está traduzido em seu trabalho. Fica o convite aos leitores para entrarem nesse Quintal de Terra Vermelha sem cerimônia e abertos para conhecerem as histórias e vivências dessa mulher que carrega todas as mulheres de sua linhagem em si. C e c í l i a C a m a r g o

Poemas, poesias