Janelas

Janelas é reza de curandeira de alma, unguento de bruxa que liberta, cores vibrantes da primavera, farfalhar de folhas no vento de outono, aromas quentes de verão que inebriam, arrepio e recolhimento invernal. Mas qualquer palavra que se diga ainda não alcança as impressões sentimentais que nos levam a “infinitos resultados de seres inacabados”, como um verso desta obra expõe. Quase que se pode ouvir Neysi recitando com sua voz suave, com seu jeito amplo, mas conciso, se fazendo essencial. Já Ana é a voz do tempo, um tambor evocando memórias e emoções ancestrais que nos lançam em inevitável compreensão poética. As duas se unem para celebrar um feminino redentor, curar pendências antigas, registrar o mundo que se reconfigurou de forma abrupta em suas vidas pessoais. Vamos nos identificando, trilhando as páginas deste livro com a vontade de não terminá-lo, “perdendo-se nos rumos, só para não ter que chegar...”. Janelas mostra a casa delas, mas nos reaproxima dos lugares onde já residimos e que estão edificados em nossas lembranças.
Clarisse Pacheco

Poemas, poesias