Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho Cefas Carvalho


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Não sei quantas almas tenho





A pluralidade tem muitas almas Escolado pelo ofício de jornalista e homem de letras e cultura, Cefas Carvalho apresenta nesta coletânea de contos o que o gênero tem de melhor: a pluralidade de temas e as muitas e variadas formas de abordá-los. Ora com delicadeza, ora com precisão cirúrgica, ora com olhar de cachorro pidão, ora com a faca nos dentes e sangue nos olhos, as histórias que o autor resolveu contar aqui contemplam o paladar de quaisquer leitores. Como uma confeitaria que, na vitrine, expõe os doces fabricados na casa e seduz os fregueses com sabores mais e menos açucarados, algumas pitadas de amargura, pequenos toques de ilusão e fantasia, um tanto de notas agridoces. Uma festa para a língua e para os demais sentidos. Já na abertura de Não sei quantas almas tenho o tom é incisivo: a receita de uma iguaria da cozinha caseira tem um segredo que só mãos sábias descobrirão, e à custa de algum sofrimento (Vaca atolada). O leitor deseja mel? O sabor tão doce talvez tenha um toque de melancolia, e isso pode ser bom (Pão e mel). Ainda no quesito mel, Lua de mel faz o doce desandar de vez, com um final que deixa um gosto amargo na boca. A pluralidade de que falei acima ganha contornos mais acentuados conforme o leitor avança na leitura. Suor traz a realidade crua para a ficção e clama por consolo e justiça; O beijo sugere que talvez a história da humanidade pudesse ter um outro rumo; Gol trata, com grande lirismo, de desprezo e abandono na infância; Pai, por que me abandonaste? fala de uma dor tão grande que não cabe no mundo; Exumando cadáveres mostra que o passado não passou e, por não ter passado, assombra e transforma o presente; Espelho quebrado conta que se deve dar ouvidos a superstições — ou não. A solidão é fera, a solidão devora é a cereja do bolo, de longe o melhor conto da coletânea. Partindo de uma premissa distópica (a história acontece num futuro não muito distante de hoje, num mundo devastado e deserto), a solidão humana é escancarada e mostra a sua face horrenda como se fosse um pesadelo do qual parece impossível sair. É uma narrativa brilhante, que merece ser lida mais de uma vez. As narrativas do escritor Cefas Carvalho encantam o leitor sedento pelo tradicional “começo, meio e _m” de toda boa história. Porque é isso que ele vai encontrar neste volume: boas histórias. Mário Baggio

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