A primeira lição que o avô marceneiro de Hannah lhe ensinou foi a de que para moldar a madeira era preciso ir além da casca, ver o que havia por dentro. Quase como se o trabalho do marceneiro fosse parecido com o de um investigador, que tenta descobrir o que existe além das aparências. "Aquele era o primeiro passo para se criar algo bonito. O primeiro passo para fazer algo do zero", lembra ela.
As lições do avô não serviram apenas para guiar Hannah na produção de móveis cobiçados - foram muito úteis quando a personagem precisou, de fato, investigar a história por trás do misterioso sumiço do marido, um engenheiro de software com quem casara havia pouco tempo. Em A última coisa que ele me falou, a autora Laura Dave traz a história de uma mulher que viu sua virar de ponta-cabeça depois de receber um bilhete em que estava escrito simplesmente: "Proteja ela."
"Ela", no caso, é a enteada adolescente, com quem Hannah tem uma relação difícil desde o começo. Quando a garota sai do colégio com um bilhete do pai, as duas percebem, entretanto, que vão precisar dar um jeito de se entenderem se quiserem descobrir o que está acontecendo. E assim, como se talhassem um pedaço de madeira, pouco a pouco, Hannah vai escavar a realidade para ver o que existe por trás da vida que conhecia.
Quanto mais ela se dedica ao caso, mais camadas ocultas são reveladas. O suposto envolvimento em uma grande fraude financeira começa colocando em xeque a inocência do marido, que Hannah vai lutar para defender mesmo sem saber se está certa. "Dizer que alguém é inocente faz você parecer uma idiota. Ainda mais quando a maioria das pessoas é culpada pra cacete", lembra ex-noivo, advogado, que topa ajudá-la no caso. Quem é Owen Michaels, afinal?
Em uma história cheia de mistério, reviravoltas e tensão, a obra de Laura Dave também se debruça sobre os sacrifícios, os limites do amor e sobre o que significa a palavra "família", que muitas vezes não se limita aos laços de sangue.
Ficção / Literatura Estrangeira / Suspense e Mistério