O Zapzap das flores

Athos Miralha, nos entrega aqui, no seu sétimo livro, um olhar multiplicado deitado sobre fatias do cotidiano. [...] A prosa escorre, caudalosa, hábil, com graça e bossa, no estilo cristalino e por vezes sardônico, que caracteriza o autor. Athos percorre caminhos diversos, desde memórias de infância, como na hilaríssima “Mulher do Avon” — 1º Lugar no XIV Concurso Cultural da Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional [FECI] —, à famigerada rivalidade Gre-Nal, esbarra em temas sociais, sob a sua ótica política dos tempos da Guerra Fria, de antes da queda do muro, retratando uma juventude efervescente e auspiciosa. É sentimental e emotivo em “A última tarde em agosto” — prêmio incentivo local no XLI Concurso Literário Felippe D’Oliveira 2018 — e na crônica que dá título ao livro “O Zapzap das flores” nos mostra com bom humor as idas e vindas da nossa modernidade virtual como membros dos grupos de WhatsApp. Aborda o atual e sensível assunto da pandemia que acometeu o mundo, incitando o leitor a revirar seus instintos primeiros, aquele que pulsa e sinaliza que somos uma civilização que se fez e sobreviveu por meio do compartilhamento social e da solidariedade, palavra de luxo. A leitura é um galope rumo às ideias, aos desejos e aos desassossegos de um escritor maduro, que através de seu texto de notável fluência, passando ao largo das obviedades, nos abre cancha para uma viagem cheia de sabor. [Valéria Surreaux]

Crônicas