Tendo nascido e vivido em Copenhague, na Dinamarca, Soren Kierkegaard foi ao mesmo tempo melancólico e bem-humorado, ao mesmo tempo filósofo e teólogo, mas quase sempre brilhante. Sócrates dizia que "uma vida irrefletida não vale a pena ser vivida", e o pensador dinamarquês levou essa afirmação as últimas consequências. Em O desespero humano (1849), uma das obras inaugurais da filosofia existencialista, Kierkegaard nos apresenta a autorreflexão como uma ferramenta para entender o problema do “desespero”, que para o pensador não derivava da depressão em si, mas antes da alienação do “eu”.
Mas foi em Adquirir a sua alma na paciência, um dos Quatro Discursos Edificantes (1843), que o andarilho de Copenhague nos ofereceu a chave para o encontro e a conquista do nosso "eu". Comentando uma passagem do Novo Testamento bíblico, Kierkegaard nos apresenta um conceito único de “paciência”: uma paciência que tem mais a ver com o mundo espiritual, mais com a sua teologia do que com a sua filosofia. Para um estudante de filosofia ou psicologia, tal conceito pode soar demasiadamente místico, até mesmo incômodo. Se for o caso, vá mais além, mergulhe em tal “incômodo”, desvele o que acha que é o misticismo, se aventure pelo misticismo real, a coisa em si: você mesmo – mas tenha toda a paciência do mundo!
Filosofia / Psicologia / Religião e Espiritualidade