Escritas à época da dissolução de Roma, as "Confissões" articulam, de modo extremamente estimulante, autobiografia e filosofia, psicologia e teologia. Ora Agostinho descreve, por exemplo, de que modo o espetáculo sanguinolento do circo romano é capaz de despertar as mais violentas paixões, mesmo nos espectadores mais pacatos, ora ele se entrega a profundas meditações sobre Deus, o tempo e a linguagem. Estas últimas, aliás, longe de terem importância meramente histórica ou circunscrita ao âmbito cristão, chegaram a provocar dois dos maiores filósofos do século 20, Heidegger e Wittgenstein, a lhes dedicar inúmeras páginas. Não hesito em qualificar as "Confissões" como uma das obras mais fascinantes e originais da literatura universal. (Antonio Cicero, colunista da Folha)
A versão brasileira utilizada nesta coleção foi a edição da editora Vozes, com a tradução de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina.