Cidades Mortas

Ao longo da década de 1990, por meio de três estudos abrangentes, Mike Davis escavou as regiões sombrias da América pós-moderna. Em City of Quartz, sua autópsia de Los Angeles, revelou uma cidade muito mais inclinada ao equívoco do que até então se supunha. Com Ecologia do medo, revisitou a mesma Los Angeles, segundo ele uma aglomeração de subúrbios dispersos e pouco propensos a sobreviver a catástrofes naturais, como megaterremotos e incêndios florestais.

Agora, em Cidades mortas, Mike Davis explora a zona de combate em que se converteu a América urbana contemporânea, onde uma incessante batalha contra a natureza é travada. Adotando a perspectiva das ciências ambientais como critério de análise, ele examina temas da vida urbana atual - discriminação, política federal, habitação, aquecimento global, desindustrialização - e lança um olhar sobre áreas denominadas "zonas de sacrifício nacional", paisagens militares atualmente inabitáveis.

Davis inicia sua jornada apocalíptica pela Nova York pós-11 de Setembro. Depois nos leva a Dugway, ou German Village, como foi apelidada, um espaço de terras desoladas em Utah que no passado serviu de campo de testes para os Aliados, que ali se dedicaram ao desenvolvimento de armas químicas, biológicas e nucleares com o intuito de destruir cidades alemãs e japonesas. Em seguida, somos apresentados ao diabólico milagre de Las Vegas, onde o terrorismo ambiental é praticado em nome de um suposto desenvolvimento urbano.

Davis discorre ainda novamente sobre Los Angeles, epicentro do que seria uma nova guerra civil, estimulada pelo apartheid ainda por explodir em outras cidades do país. Neste livro profético, Mike Davis dá continuidade a uma longa e atrasada discussão sobre ciência urbana, sempre com inteligência, compaixão e um olhar afiado para o absurdo e o injusto.