Primeira obra publicada pela autora, reúne 37 poemas que encantaram Drummond. Os versos de Cora contam fatos, lendas e tradições de nossa terra. Povoados de sua vivência interiorana, de seu bom humor de mulher simples, o livro desvenda revelações pessoais e sociais da vida em Goiás.
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Jornal do Brasil
Caderno B, 27/12/1980
CORA CORALINA, DE GOIÁS
Este nome não inventei, existe mesmo, é de uma mulher que vive em Goiás.
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Cora Coralina, para mim a pessoa mais importante de Goiás. Mais do que o Governador, as excelências parlamentares, os homens ricos e influentes do Estado. Entretanto, uma velhinha sem posses, rica apenas de sua poesia, de sua invenção, e identificada com a vida como é, por exemplo, uma estrada. Na estrada que é Cora Coralina, passam o Brasil velho e o atual, passam as crianças e os miseráveis de hoje. O verso é simples, mas abrange a realidade vária.
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Assim é Cora Coralina, repito: mulher extraordinária, diamante goiano cintilando na solidão e que pode ser contemplado em sua pureza no livro "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais". Não estou fazendo comercial de editora, em época de festas. A obra foi publicada pela Universidade Federal de Goiás. Se há livros comovedores, este é um deles.
Cora Coralina, pouco conhecida dos meios literários fora de sua terra, passou recentemente pelo Rio de Janeiro, onde foi homenageada pelo Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, como uma das 10 mulheres que se destacaram durante o ano. Eu gostaria que a homenagem fosse também dos homens. Já é tempo de nos conhecermos uns aos outros sem estabelecer critérios discriminativos ou simplesmente classificatórios. Cora Coralina, um admirável brasileiro.
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Cora Coralina: gosto muito desse nome, que me invoca, me bouleversa, me hipnotisa, como nos versos de Bandeira.
(Carlos Drummond de Andrade)