A História do Judeu Errante

Em Veneza, ao pé da Alfândega Marítima, diante do Palácio dos Doges e de San Giorgio Maggiore com seu alto campanário, dois jovens que se amam vêm escutar, todas as noites, um personagem surpreendente que usa muitos nomes. Seus relatos os transportam, através do espaço e do tempo, num turbilhão de aventuras em que desfilam a toda velocidade, sob iluminações imprevistas e bem pouco familiares, Stendhal e Cristóvão Colombo, chineses e árabes, o procurador da Judéia e os guerreiros vikings, o ataque israelense a Entebe e a intervenção do zero, os amores de Paulina Borghese e As mil e uma noites - todas as paixões do mundo e também suas misérias.
O estranho homem do impermeável - que, antes de desaparecer tal como apareceu, narra essas lembranças e fábulas que se confundem com a vida - diz-se condenado à imortalidade por haver recusado, no caminho do Calvário, um copo d'água a Jesus, trôpego sob o peso da cruz.
Sua história da eternidade revive um mito tão universal como don Juan ou o doutor Fausto: o judeu errante. Seus relatos não se assemelham a nada conhecido: entre a Bíblia e as histórias em quadrinhos, Hegel e Arsène Lupin, ele encarna a história dos homens, necessária e inútil, desde sempre maldita e, no entanto, irresistível em sua alegria e felicidade.