Em "Contra o Amor", Laura Kipnis ousa discutir a idéia do amor romântico e nos faz entender que uma pessoa não pode preencher todas as nossas necessidades e desejos por toda a vida. Diante disso, a insatisfação com os parceiros é comum. O livro explora com humor e seriedade, as regras e rituais do casamento e da domesticidade modernos. Laura analisa com habilidade as estruturas maiores do poder a que servem os casamentos e as relações monogâmicas e duradouras. Lembra como a nova economia não deixou o trabalho mais interessante, e tornou necessárias formas compensatórias de satisfação. O amor, incrivelmente maleável, molda-se de acordo com a vontade de cada um e dá conta do recado tão bem, ou melhor, do que outras substâncias disponíveis. Na cultura da mercadoria, ele se adapta ao papel de uma mercadoria barata, vendida a consumidores entediados, como um bálsamo para o vazio. Com habilidade de romancista e precisão terapêutica, Laura nos confronta com as mesquinharias da insatisfação, a impaciência, o ciúme, adultério. O custo-benefício entre a recompensa afetiva prometida pelo amor e as renúncias que a sociedade exige de nós. Insinuantemente cruel e extremamente engraçado, esta obra não oferece respostas fáceis, mas convida a um exame de consciência e a uma indiciação dos ideais maritais. Tudo isso embalado com punhais afiados de prosa.