Em seu conjunto heterogêneo, os ensaios desta coletânea constituem índices das inquietações e preocupações que perpassam o debate contemporâneo sobre o conhecimento que se produz sobre o literário no âmbito do comparatismo, particularmente do ponto de vista de sua indissociabilidade da cultura e da compreensão dessa como campo atravessado por tensões e disputas, sempre situado em conjunturas históricas específicas e obedecendo ao traçado de fronteiras móveis, cuja lógica não coincide nem se sobrepõe ao traçado de fronteiras políticas, fixas e definidas por processos de homogeneização.
É justamente por este viés que a noção de geografias literárias e culturais coloca em questão o tempo único da dominação, favorecendo a problematização da identidade - textual, literária, cultural, política - e sua teorização, a partir das conexões epistemológicas entre lugar, produção, circulação e recepção.