A música tem o poder de atuar intensamente no mundo interno da pessoa. Tal capacidade faz da música uma arte ímpar, uma experiência estética que mobiliza as possibilidades do indivíduo. Este se descobre capaz de criar e de expressar, por meio dela, emoções, sentimentos, estados de espírito.
Por que a música tem sido sistematicamente retirada da vida do surdo, seja na escola ou no lar? Que representação têm os familiares, os professores, os terapeutas do sujeito surdu quando às possibilidades de ele expressar sua musicalidade? Como ele próprio se vê como pessoa capaz de fazer, criar e usufruir a música?
Ser musical não é privilégio de seres especiais, é uma possibilidade do ser humano. Pensar o surdo como musical pressupõe a revisão de concepções já estabelecidas. A discussão, o debate, o compartilhar sã meios para ativar novas representações.
Com o objetivo de resgatar uma prática natural e fundamental do homem, Nadir Haguiara-Cervellini tem proposto música para sujeitos surdos, de modo a lhes propiciar prazer e realização pessoal, além de experiências de vida gratificantes capazes de auzilia-los a humanizar-se e a concretizar suas potencialidades.