Nos contos reunidos no volume, o autor faz uma profunda escavação filosófico-teológico-existencial e mergulha nessas contradições, para apresentá-las quase que psicanaliticamente, embora sem a pretensão de resolvê-las. Na pequena obra-prima que dá título ao livro, Andreiev propõe uma extraordinária interpretação do papel de Judas Iscariotes na paixão de Cristo: a traição que consuma, é por ele pressentida como um abismo a cuja atração, apesar dos esforços, Judas não consegue resistir. Não se trata de crime intencional, nem de culpa, mas desse desígnio obscuro que parece reger a vida de certos homens contra a vontade deles, contra a razão, contra a salvação. ... Nos cinco textos que completam a coletânea, Era uma vez, O nada, O grande slam, Valia e A máscara, Andreiev põe o leitor diante dos abismos da existência, abordando com lirismo e sutil ironia temas como a morte, o jogo, o sofrimento que põe fim à infância, a ambivalência da representação.
Literatura Estrangeira / Contos