Escritos entre 1981 e 1998 por um grande autor que só agora deixa os círculos literários alternativos, os cinco livros que formam esta edição lembram uma caixa de brinquedos: dão ao observador muitas informações sobre quem os colecionou. Valêncio Xavier escreve como se não lhe tivessem ensinado a escrever. Suas histórias parecem ter sido criadas à margem de certas regras do bom-tom e do bom senso.
Uma narrativa parece claramente autobiográfica, mas não é; outra parece tirada do folclore brasileiro, mas não foi; uma terceira parece descrever um filme mudo que se perdeu, mas esse filme nunca existiu. Valêncio ilude instilando a dúvida. Seus narradores são fidedignos porque narram como se o fossem. Deste como se nasce a ficção de um autor que às vezes parece mudar da água para o vinho, mas sempre dizendo ao leitor: eu sou um só.
Ficção