O sobrinho de Wittgenstein parte de uma alusão a O sobrinho de Rameau, escrito no século XVIII por Diderot, para descortinar a vida de um homem incapaz de realizar uma obra, pois desperdiça seus talentos no prazer do instante. Ao observar Paul, Bernhard reencontra o veio de sua vocação para o banal e o profundo, os pequenos risos e choros do cotidiano, a convivência nos cafés vienenses, a fatuidade dos prêmios literários. Tudo embutido nos solilóquios alucinados, repetitivos e cruéis que lhe eram tão característicos. Instigante como tudo que Bernhard realizou, este livro fala de amizade num texto que sabe acompanhar, no movimento formal, o declínio de seu anti-herói. Uma realização que surpreende ao conciliar técnica e pungência.
Biografia, Autobiografia, Memórias / Literatura Estrangeira