O livro é voltado principalmente ao público pré-adolescente e para todo aquele com mente jovem. Une diversão com metalinguagem e diferentes pontos de vista em um problema. Isso é feito com tantos diálogos – frequentemente cômicos – como numa peça de teatro; descrições suficientes para ambientar o leitor em mundos imaginários; e personagens em conflitos absurdos.
O enredo trata de uma menina pré-adolescente que passa a ouvir o que diz o narrador da história em que ela vive, o que cria um grande problema para ambos. Ela está irritada de ouvi-lo o tempo todo, enquanto ele precisa cumprir o seu trabalho, interrompido tantas vezes pela menina escandalosa.
Já no “estúdio do mundo de criação de livros”, o chefe do narrador não compreende a situação e ameaça demiti-lo. Afinal, o funcionário estaria “brincando em serviço”. Será preciso resolver a situação, e o jeito que o narrador arruma para isso é um tanto exótico. Por que a menina está ouvindo a narração é um mistério, que só será esclarecido no final.
Alternadamente com essas confusões, o leitor também acompanha uma versão idosa da menina, que vive em um mundo futurista com uma estranha criatura que apareceu em sua casa. O visitante promete aventuras e novas maneiras de enxergar o mundo, enquanto ela parece só se interessar em escrever suas memórias.
Assim, como em uma telenovela, o romance reveza e vai mostrando, a cada capítulo (correspondente a cenas televisivas) o que está se passando com diferentes personagens, cada um em seu cenário. Até que alguns deles saem de seus núcleos narrativos e se misturam com os outros, contribuindo para a gradual resolução dos quebra-cabeças.
Como questões secundárias, a história aborda a relação da jovem protagonista com sua mãe, primas e colegas da escola, incluindo um amigo com quem ela teria uma paixãozinha não-declarada. Estão em evidência também as limitações físicas enfrentadas pela protagonista idosa. E o confuso narrador recorre até a um psicanalista.
Justificativa para publicação
O conflito principal do trabalho induz a uma reflexão sobre até onde poderia chegar a interação humana com as modernas formas de comunicação. Até mesmo pode ser identificada uma metáfora à “poluição comunicativa”, quando informação demais aparece de todos os lados.
É trabalhado o recurso de conversa personagem-narrador utilizado com sucesso nos populares quadrinhos da Turma da Mônica, no filme “Mais Estranho que a Ficção”, além da história dentro da história no filme “O Show de Truman”, com tensão e linguagem renovados.
A história cita diretamente novidades tecnológicas contemporâneas, como tablets e e-books, além de aparecerem em cena também questões problemáticas de difícil solução, como pirataria digital.
Espera-se que o leitor se divirta muito ao ler a história, pois ela inclui diversos trechos cômicos – ao menos, é o retorno obtido com pessoas que já fizeram a leitura e auxiliaram com outras sugestões.
Além disso, como o texto é composto em sua maior parte por diálogos, com poucas descrições, além de linguagem informal, a leitura deve ser bastante fluente, mesmo para o público infantojuvenil - também houve bom retorno com uma leitora pré-adolescente.
Mesmo assim, há profundidade psicológica, observada principalmente na idosa; mas também nos outros protagonistas – menina e narrador –, ao se acompanhar sua progressão de comportamentos. Até mesmo personagens secundários, como o chefe, também mostram evolução comportamental, mantendo sua coerência.
A proposta de livro concilia a fantasia e ficção científica ao mundo cotidiano dos jovens, como a escola, chocolates e família, além de citações ao imaginário tradicional e das celebridades.