Zama

Publicado em 1956, o livro conta a história de Dom Diego de Zama, funcionário da coroa espanhola que, servindo em um pequenino povoado nos confins da colônia, aguarda ansioso sua transferência para a cidade de Buenos Aires. Zama é sobretudo um livro que trata da espera: sua personagem principal aguarda o momento de voltar à civilização, aguarda notícias da família e, entre outras expectativas, espera as conseqüências de suas estripulias com as mulheres e também, por fim, seu destino quando termina prisioneiro em uma tribo de índios não assimilados. Indo além, no entanto, Di Benedetto cruza esse enredo com uma construção formal notável, em que a condensação da linguagem, aliada a um narrador que se constrói aos poucos, obtém um efeito de suspense, em que o leitor acaba precisando ler mais uma página para acompanhar as aventuras de Dom Diego. A habilidade formal de Di Benedetto cria um livro em que o vazio preenche de suspense um linguagem tensa e precisa. Dividido em três partes, que percorrem, unidas, a última década do século XVIII, às vezes o texto assume um tom ligeiro e, outras, subverte a lógica do narrador para refletir o estado de confusão de seu protagonista. Di Benedetto é, sem dúvida, um especialista da forma literária: com um mínimo de ação (que mistura algumas cartas, muitos amores, um recém-nascido e diversas brigas) e um máximo de rigor estilístico, obtém um romance elogiado por alguns dos maiores escritores do mundo.

Literatura Estrangeira / Romance