Com a inspiração dos clássicos, em especial Gregório de Matos, Luiz Filho de Oliveira, constrói sua poesia repleta de ambiguidades, de imagens que se formam nos torcilhões das palavras que se entrecruzam, se metamorfoseiam em outras mostrando um espetáculo de palavras misturadas e dissolvidas sobre as outras. Embora as tendências sempre presentes de Gregório de Matos, o poeta finca-se como escritor da pós-modernidade, na qual os temas referentes a esta fase de fragmentação humana, de tecnologia, de velocidade atropelam-se pedindo a construção urgente da poesia, a única capaz de revelar a essência humana, aturdida entre as avolumadas temáticas que a penetram. O tema da tecnologia, a exposição virtual de uma época toda interligada pelos avanços da rede, amarram-se na revelação de um mundo antes apenas sugerido pelos relatos oralmente passados, confusamente perdidos entre as artimanhas políticas, mas que pela transparência e até mesmo invasão da informática denunciam a corrupção, a hipocrisia religiosa. A utilização da tecnologia em “Abre, Poeta, a porra desse Windows (uma das portas!) / e perspectiva um eu-satírico em estado bem puto, / a quem nada apraz senão o teclar o seu prumo “. Neste pequeno trecho além da presença do “Windows” como porta de acesso a informação, o poeta demonstra também sua vocação de “boca de inferno” herdada de seu inspirador Gregório de Matos, para por meio das palavras como “porra” escrachar o desespero poético que levanta sua língua infernal. Luiz Filho de Oliveira “infernalmente” na ânsia pelas palavras velozes e pós-modernas denuncia a hipocrisia, a qual ele atribui a certas distinções clericais, e principalmente contra a política corrupta que se formalizar na utilização dos ternos. O leitor respirará e de um imenso inspirar arejará a mente com a revelação de uma linguagem urgente, criativa, denunciadora, encontrando um espaço de compartilhamento para esta gula por desafogar o sentimento de incapacidade frente à tantas coisas urgentes de se flagrar.
Poemas, poesias