Gotas de suor e álcool no asfalto de uma cidade fria e cinza. Acompanhamos as sensações e perplexidades de Júlio, dividido entre as lembranças por Camila, a antiga namorada, e Alice. Uma geração permanentemente conectada. Tímidos, confusos, dominados pela inércia, Julio e Alice só poderiam existir na ficção, mas refletem pessoas de uma determinada faixa etária no mundo atual, igualmente passivas e desorientadas. À deriva e instáveis, ou resignadas e famintas. Os romances proletários, a fraternidade entre os que se encontram à margem, a busca pela oportunidade de aventura, em meio a nebulosas perspectivas existenciais, dúvidas, conflitos. Os personagens interagem, e por vezes combatem, em um espírito de guerrilha romantizado, enquanto se ocultam e se revelam. Mais o desejo de conspirar, os ímpetos do amor, a família como uma instituição falida. Deslocamentos constantes e isolamentos perenes. A sobrecarga do excesso de informações no mundo moderno e o medo de envelhecer e o esforço de encontrar correspondência no próximo. A praia e o interior urbano. Paródia de folhetim romântico. Uma novela entre a sacanagem e a sinceridade rasgada. Conversar como mais importante do que trepar. Um homem contando muito mais a história de uma mulher do que a sua própria. L’amour fou no século 21.
Romance