Quando se fala em história da mulher no Brasil, um dos primeiros nomes que costuma ser lembrado sem dúvida é o de Bertha Lutz, tal foi o seu carisma, sua importância, e o papel decisivo que desempenhou durante tantos anos nesta história.
Por isso saudamos com entusiasmo a entrada de Bertha Lutz na Série Feministas da Editora Mulheres. Ela chega para engrandecer ainda mais esta oportuna iniciativa, e preencher a absurda lacuna no registro de nossa memória. Bertha Lutz, com seu atuante grupo de companheiras, foi incansável na criação de associações e periódicos feministas, bem como na promoção de conferências públicas visando a conscientizar homens e mulheres de seus direitos. Também realizou com muita competência o importante trabalho de sensibilização das lideranças políticas de parlamentares, para poder alcançar os seus propósitos. E não era apenas o voto que exigia, mas o fim da tutoria masculina e a plena independência da mulher através do trabalho, do estudo e da conquista dos direitos civis, em consonância com o pensamento libertário mais avançado de seu tempo.
E quem nos apresenta Bertha Lutz não podia ser ninguém mais que Rachel Soihet, importante intelectual feminista que, desde a década de 70, investiga a atuação da líder do sufrágio feminino no Brasil. Autora de relevante bibliografia sobre violência simbólica e feminismo, Rachel Soihet é reconhecida também por sua inegável contribuição para a abertura da historiografia às novas temáticas. E, ainda nos anos 80, por ter enfrentado os preconceitos da academia quanto às suas reflexões sobre a mulher pobre no Rio de Janeiro do século XIX. Se hoje os estudos sobre a mulher são realizados com tanta naturalidade em nossas universidades, com certeza isso se deve a iniciativas pioneiras de intelectuais como ela.
História do Brasil