* O que sobrou do paraíso? completa a monumental pesquisa histórica feita por Jean Delumeau, que tem em O jardim das delícias e Mil anos de felicidade seus primeiros volumes. Seu objeto de estudo é um dos maiores sonhos que o inconsciente coletivo do homem ocidental já concebeu: a crença no paraíso. Delumeau explica como a visão de uma Jerusalém celeste foi construída historicamente, e como teólogos, escritores, pintores e músicos tentaram dar forma concreta às belezas desse paraíso, trazendo-o para perto da terra por meio de vitrais, hinos litúrgicos, retábulos e textos religiosos. Da Bíblia à arte barroca, a conformação do paraíso sofreu mudanças significativas. O historiador desfaz os lugares-comuns que vêem as representações do reino dos céus com desinteresse e indiferença, e mostra que, com a laicização da sociedade, o céu se torna objeto de ciência e se separa do paraíso. Este permanece como o plano do além eterno, que passa a representar uma promessa de paz espiritual e felicidade eterna.