Imagine-se à mercê do próprio ódio. Madame Mórra sobrevive num casarão pouco desejado para a época, acariciando memórias e lembranças de sua época dourada: riqueza, fama, desejos e corrupção. Os quadros à parede documentam tal passado que nada condiz com o presente de miséria e solidão. Abusos, trabalho forçado e a destruição de seu potencial legado. Mórra resguarda em si o rancor das memórias feridas – convenhamos: há maior veneno letal do que estas feridas? Mórra, à companhia de seu gato, resguarda sua própria existência, nestes tempos de amargura, numa rua dominada por “gente comum”. E decide vingar-se. Pois bem: a guerra tem início para lavar a alma da ex-diplomata. Assassina?
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