Almas mortas, publicado pela primeira vez em 1842, é o livro precursor do romance clássico russo e a grande obra-prima de Nikolai Gógol (1809-1852).
A narrativa traz a história de um especulador de São Petersburgo que chega a uma cidade de província e procura conquistar, com suas boas maneiras, a simpatia da sociedade e dos senhores de terras locais. Seu objetivo: comprar “almas mortas”, ou seja, servos já falecidos, mas que ainda não haviam sido declarados como tal no último censo. É em torno desse tema — que lhe teria sido sugerido por Púchkin — que Gógol tece um dos retratos mais certeiros, a um só tempo satírico e afetuoso, do povo russo. Destaca-se na obra a voz do narrador, alter ego do autor, que imediatamente nos cativa pela imaginação e irreverência de suas descrições e observações. Mesmo que pareçam escapar ao fio da meada e ao bom senso, elas acabam compondo um quadro extremamente perspicaz de um país que ainda buscava sua identidade e os caminhos para se modernizar.
Esta nova tradução, realizada por Rubens Figueiredo, tem por base a mais recente edição crítica russa, e é acompanhada de quatro textos publicados em 1847, inéditos em português, em que Gógol comenta seu processo de criação e as reações causadas pelo romance. O volume inclui ainda os rascunhos que restaram da segunda parte de Almas mortas, além de um ensaio de Donald Fanger, professor emérito da Universidade de Harvard, que analisa em detalhe a prosa exuberante do genial autor russo.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance