Uma última coisa, Valéria, antes da gente arrancar de vez, deixa eu só situar quem está lendo essa conversa de jardim, "Olha aí um título excelente, Conversa de Jardim, nada formal. Estou fugindo de formalidades", Conversa de Jardim, quem tiver lendo, preste bem atenção, não tente imaginar um jardim normal, imagine assim, eu e Valéria, sentados em cadeiras brancas de metal, uma mesa também de ferro entre a gente, distância pequena, nem um metro entre eu e Valéria, imagine que a gente tá bem no meio desse jardim incomum, não incomum como esses jardins estilizados, idealizados do zero, encomendados a algum arquiteto, "E encomendam jardim?", Se não, encomendam até biografias, imagina jardins, "O meu jardim, cada plantinha foi se chegando e encontrando, do jeito dela, o seu lugar. Fala do mandacaru", Claro, mandacarus quase florescidos, três ou quatro pés de jasmim, coqueiro, plameira, pitangueira, "Muito capim crescido", E olha que legal, pés de rosa e pés de macaxeira se permitem compartilhar pequenos metros quadrados de maneira harmoniosa, "Nem sempre", Esse jardim reflete bem a tua personalidade, Valéria, "Não faço muita coisa, só deixo ele ser como é, mas tem as amigas daqui que cuidam", Pois, por isso minha comparação, né? E então, posso fechar o capítulo?, "Não me azucrine com essas besteiras, o piloto dessa conversa é você. Manda ver nessa nave".
Ficção