Entre Recortes (1 #1)

A poesia de Eliane Tróia assume o papel e a ação de diversos sentimentos, algumas vezes é amor, outra vezes é revolução, ordem, ousadia e coragem, pode-se encarnar a essência do ser e fundi-la com a estrutura do poema, assim quando o eu-lírico expõe nas palavras os seus sentimentos é como se ele encarnasse um escudo e uma trombeta no seu corpo, para conquistar poderes reais que lhe permitem fazer valer suas vontades sobre o outro e declamar o seu próprio espaço “tuas correntes me atrapalham”.
Embora esta alma reivindicadora pareça sentir prazer ao se envolver em batalhas, ao levantar bandeiras, a poeta diz que esta força poética é uma revolução completamente diferente das lutas estereotipadas, pois é a essência bondosa do ser que sobrepõe-se as construções e organizações opressoras da sociedade, é na paz que vem a real mudança”, “É a vitória da consequência sobre a causa, / sob o efeito do poder da resiliência.”
A poesia, acima de tudo, fala da vida, em parte reconhece que a dor é uma acompanhante desta trajetória humana, “ela é farejada embaixo pelos cães, e espreitada por cima pelos gatos”, mas a autora aceita as contrariedades quando afirma que a “vida não tem lógica”, assim sendo o desejo desesperador pelo outro, “preciso crer que você está aqui”, ou o lado obscuro da existência, “abaixo o lado sombrio”, tudo não importa, pois a própria vida é uma grande sátira.

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