Chão de vento

Flora Figueiredo é perita em encarnar nas palavras a sutileza do mundo, captar a coisa etérea que rege a matéria e transfigurá-la em verbo. Chão de vento, em sua nova edição lançada pela Editora Penalux, não deixa de trazer essa marca registrada: o livro se trata da observação – mas não do ver de maneira física somente, mas de sentir sua visão, quase como meditar. A autora cria um universo propício para fabricar um eu-lírico o qual se torna o cenário, e o cenário se torna este eu-lírico. Desta forma, tudo se revela: o exterior e o interior. A poesia da escritora paulista é isto: a graciosa desnudez do eu-lírico, do ambiente, das substâncias. A poeta, tradutora e compositora mostra, com vigor, sua habilidade com a arte das letras, tornando Chão de vento um livro suave, singelo, mas também poderoso e perspicaz – que é o retrato da alma feminina. Acompanhada de um sensível prefácio redigido pelo poeta, escritor e jornalista Álvaro Alves Faria, esta obra é um grande e delicado achado na literatura brasileira contemporânea.

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