"A poesia é indispensável. Se eu ao menos soubesse para quê..." é como o poeta francês Jean Cocteau (1889-1963) nos provoca a pensar acerca da indisponibilidade não só da Poesia, mas de forma metonímica de toda a Arte. Em tempos tão fragmentados, em que a espécie humana sempre está a refazer seu conceito de tempo vivendo numa insana busca pela velocidade, pelo imediatismo, cada vez mais imersa na plena agitação e turbulência sem hábito de silenciar, aquietar, serenar a alma para ouvir a beleza da Arte é que se faz mais necessária a carga poética.
É preciso ter a coragem de trafegar em sentido oposto. É imprescindível colocar-se contrário a essa onda escudado na sensibilidade e sensação de perenidade que a Arte traz. Nesse sentido, Pablo Valadares constrói sua trajetória poética. O jovem poeta deixa-se transportar nas metáforas e na punjança garantida pela palavra e nos convida à experiência dos versos em que transborda um sensível eu lírico. Nos seus versos, há também uma sugestiva aura de metalinguagem, como sinal de uma sujeito poético que não apenas executa, mas, sobretudo, pena e repensa sua obra e a própria existência, o que no caso, são elementos que se mesclam.
Que venham outros livros do poeta! E que saibamos sentir, como escreveu Drummond, deixar a poesia inundar a vida inteira.
Wagner Lemos - Professor, membro da Academia Sergipana de Cordel, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e doutor em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo
Poemas, poesias