Bella Toscana

Em Sob o sol da Toscana, a poeta, professora, gastrônoma e escritora norte-americana Frances Mayes elaborou o retrato de uma parte da Itália por meio de sua experiência na restauração de uma casa abandonada que ela adquiriu, chamada Bramasole, localizada abaixo de uma muralha etrusca do século VIII a. C, em Cortona. Naquele momento, que a autora considera mágico e inesquecível, era verão, e ela pôde dividir com os leitores o prazer de descobrir novas emoções em um país estrangeiro: a culinária, o jeito italiano de viver, a paisagem tão diferente quanto exuberante. Em Bella Toscana — a doce vida na Itália, Mayes aprofunda a percepção da riqueza cultural de um país a partir da pequena província da qual ela agora definitivamente faz parte, e se estende à Sicília e a Vêneto em pequenas viagens, revelando ainda mais detalhadamente as alegrias de um cotidiano onde as gentilezas e surpresas agradáveis são constantes.



"Quando escrevi a última linha de Sob o sol da Toscana, escrevi a primeira de Bella Toscana" – conta Frances, cujo retorno à casa que ajudou a reformar acontece desta vez em uma nova estação: a primavera. Ela acrescenta que seu entendimento sobre a Itália cresceu e está mais nítido nesta segunda obra, por conta das pessoas e lugares que conheceu: além da Sicília e Vêneto, ela esteve em Verona, Basilicata, Marche, Bellagio, Asolo, Bolonha e nas pequenas cidades encasteladas em torno do Lago Trasimeno. Nestas regiões ela travou contato com diversas formas de cozinhar e ingredientes, vinhos, arte, jardinagem e gente. Suas descrições e receitas incluídas nesta obra tornam mais completo o retrato feito em Sob o sol da Toscana, e ela se diz ainda mais ligada à Itália que da primeira vez.



Mayes revela que conhecer a Itália e seus prazeres provocou uma mudança interna radical nela e em Ed, seu marido. Trocar a casa na Califórnia pela Bramasole a princípio pareceu uma tarefa árdua, extenuante. Mas o estilo toscano de comer, falar, viver e ver o mundo age como uma bálsamo para um cotidiano atribulado. Sem o tormento da mídia e com tempo para se dedicar a tarefas simples, como preparar uma refeição ou cuidar do jardim, há uma transformação, como explica Frances: "Mudar a direção de minha vida com a compra e a restauração dessa casa abandonada, dedicar uma parte de cada ano à vida num país estrangeiro pareciam atos de alto risco, de loucura, mas aqui [na Toscana] eu poderia beijar o chão só de não me sentir presa naquele espaço apertado em que o passado rói o futuro"