Grão-mestre do conto brasileiro contemporâneo, Rubem Fonseca afirmou-se - de Os prisioneiros e A coleira do cão a Pequenas criaturas - como narrador de situações extremas, marcadas pela violência e pelo erotismo. Em contos como Feliz ano novo, Passeio noturno e O cobrador, o escritor carioca produz curto-circuitos que desnudam personagens de todas as origens e pretensões sociais e põem marginais e figurões em pé de igualdade.
Avesso ao sentimentalismo e à cor local, Rubem Fonseca inspira-se na economia do cinema e na literatura de escritores como Ernest Hemingway e Isaac Bábel para forjar uma dicção própria e inconfundível. Mais que isso, o autor traz para seu próprio estilo a contundência e o desencantamento dos ambientes e heróis de que se ocupa. Assim, na mesma linhagem em que figuram Machado de Assis, Lima Barreto e João do Rio, transfigurou o Rio de Janeiro num território ficcional repleto de segredos e contradições e consagrou-se como um dos grandes contistas da língua brasileira.