A instituição escolar na contemporaneidade detém a centralidade nos processos educativos. Num momento em que, inacreditavelmente, se ventila fazer da rede pública de ensino centros de “empreendedorismo” e estimular a educação doméstica (homeschooling), é inegável: a escola é incontornável. No entanto, a filosofia da educação não lhe tem dedicado a atenção devida. Ao menos no Brasil das últimas três décadas, são pontuais e escassos os trabalhos que recorrem ao instrumental conceitual filosófico para pensar a escola.
A problemática escolar não será resolvida pela filosofia exclusivamente, mas ela clama por um aporte filosófico. A filosofia da educação produzida no Brasil em muito pode contribuir para pensar tais problemas. Habitar, de dentro, esse campo problemático: eis uma tarefa para os filósofos da educação. Com isso em mente, a SOFIE [Sociedade Brasileira de Filosofia da Educação] convocou o campo para debruçar-se, em seu III Congresso, sobre o tema: “Escola: problema filosófico”, buscando os desdobramentos da problemática, pensando não apenas a instituição, mas também suas políticas, seus atores (professores, estudantes), seus projetos, seus sentidos. A partir daí foi organizado o díptico “Escola: problema filosófico”, sendo este seu primeiro volume, A escola: uma questão pública.
Onze capítulos, escritos por filósofos da educação de várias universidades brasileiras. Todos se debruçam sobre as relações da escola com a formação, focando seu sentido; pensam as políticas da escola, procurando compreender como a instituição se insere no mundo contemporâneo e pode reagir a ele; por fim, dedicam-se a pensar alguns dos problemas da escola, em diferentes dimensões e perspectivas teóricas.
Temos aqui, então, o modo como a filosofia da educação pensa a instituição escolar brasileira. Aqui somos convidados a pensar, a problematizar, a deixar de habitar a escola como meros espectadores, tornando-nos ativos inquiridores, agentes de sua construção cotidiana.