Se fôssemos qualificar os 28 contos de Ânsia eterna, teríamos de, necessariamente, pensar em termos que se opõem semanticamente à visão ultrapassada de uma mãe burguesa, que abdica de uma profissão promissora para cuidar dos filhos, tal como a autora foi considerada pelos seus pares. Nesta obra, entretanto, Júlia transfigura a realidade com violência. Tal fato provoca leitoras e leitores a buscarem adjetivos tais quais macabro, trágico, fantástico, insólito, talvez suficientes, por um lado, para identificar sua escritura; talvez, por outro, expressões com sentidos pouco arrojados, que ficam aquém do atrevimento de Júlia ao compor artisticamente essas narrativas, com ênfase em enredos inusitados e personagens desconfiguradas.