Em Antônio e Cleópatra intensificam-se as considerações de cunho pré-freudiano, pois vemos a rainha do Egito como a própria encarnação do id e da pulsão sexual desinibida, ainda não controlados pelas sanções do cristianismo. Em Enobarbo fica personificado o superego racional e controlador. Antônio, por sua vez, é o ego oprimido e infeliz, esmagado entre o poderoso id de Cleópatra e a racionalidade do superego de Enobarbo. Mas a personalidade central de Antônio e Cleópatra é mesmo a poderosa rainha do Egito e Antônio tão heroico e racional de Júlio César se transforma, na sequência, no Antônio que sucumbe às forças quase cósmicas de seu id e acaba se autodestruindo e arrastando consigo o caos social e político da guerra civil.