(...) A guerra é regida por lógica centrífuga: se a unidade social não se articula na dialética das diferenciações e da síntese estatal, é porque se tece na contraposição a outras sociedades. Daí o sentido arqueológico da violência: enquanto resistência à desigualdade interna de poder, bloqueia a cristalização das diferenças e o monopólio da força, consubstanciados no Estado. Arqueologia da violência constitui referência incontornável para a ciência política, a filosofia, a economia, a história, a psicanálise, a sociologia e os demais saberes que formam a vasta paisagem das humanidades. A prosa refinada destes doze ensaios eleva a etnologia à esfera da filosofia política, fazendo está última pousar os pés no chão da análise sociológica: em sua bagagem, os relatos de viagem, a mitologia americana, Freud, Hobbes e Rousseau. Não ficaremos imunes ao seu veneno: leitores contra o sossego do pensamento conformista. Luiz Eduardo Soares.