Saul Bellow não é somente um dos grandes narradores americanos das últimas décadas. Ele é um autor que conhece a fundo os problemas do seu país e os meandros do ser humano, de maneira geral. Dezembro fatal é uma prova disso. Num líbelo contra a violência, o jornalista e professor universitário Albert Corde se envolve na prisão de um casal de marginais negros, acusados de terem assassinado um jovem branco. Não param aí seus problemas. Numa viagem a Romênia, Albert experimenta o avesso do sistema socialista. Sua conclusão é pessimista: no mundo atual há cada vez menos lugar para o sentimento. Dezembro fatal tem o efeito de um soco no estômago da sensibilidade do leitor. Mas um soco amenizado pela mais refinada das luvas -uma prosa fluente e irresistível e a capacidade de desfiar imagens, tão característica de Bellow. O resultado surpreende e faz abrir os olhos. Para não aceitar passivamente a estagnação dos sentidos, Corde resiste. Bellow cria.